Sobre as Redes
O músico Timbaland acabou gerando uma polêmica ao defender o uso de IA nas produções musicais, indo totalmente na contramão do que a maioria dos artistas e produtores, que tem se colocado contra o uso de Inteligência Artificial para as produções criativas.
- Rollingstones: Timbaland revela como usa IA para se reinventar: 'Deus me apresentou essa ferramenta'
A minha opinião é a de que a ferramenta não tem como ser um substituto da criativa humana, mas ser o que ela é: uma ferramenta.
Aliás, ferramentas estas que já existem há tempos, mas que só receberam um aprimoramento coerente com a evolução tecnológica, pontua-se.
Enquanto musicista e compositora, eu também acredito que há um uso muito apropriado para as Inteligências Artificiais no que se refere à podermos aplicar na prática as nossas ideias o mais próximo possível do que desejamos.
Se eu quero fazer uma produção musical, mas não sou produtora, eu dependo que o produtor compreenda o que eu desejo que seja feito e nem sempre o resultado sai como esperado.
Agora, se eu posso criar a guia - nome que damos ao esboço de uma obra musical -, colocar em prática o resultado que eu espero para que a música possa passar por todo a produção musical final, isso seria um uso maravilhoso da IA, uma vez que muitas das vezes recebemos o resultado que podemos considerar insatisfatórios, porque, 1- já está pronto, e 2- nem sempre conseguimos expressar com palavras como era o resultado que desejávamos.
É claro que o mau uso da ferramenta já ocorre, como a denúncia de que compositores tiveram suas guias sendo utilizadas por pessoas mal intencionadas que se apossaram desse material e criaram playlists nas plataformas streaming, tudo isso sem autorização e usando nomes de artistas fictícios. Mas neste caso, estamos diante de um crime que precisa ser investigado e ter os autores presos.
Infelizmente, é por conta dos maus usos da ferramenta IA que estamos cercados por esta polêmica: ora são as grandes produtoras querendo substituir roteiristas e atores; ora são pessoas mal intencionadas roubando propriedade intelectual alheia...
Enquanto deveríamos estar tentando pensar na ferramenta na sua forma mais proficiente possível.
Acredito que muitos artistas, principalemtne os artistas independentes, iriam se beneficiar da liberdade que a IA tem potencial para proporcionar.
MAS NEM TUDO SÃO FLORES...
A impressão que passa é que a IA irá fazer uma mágica para você, quando não é nada assim!
Em se tratando de música, você precisa dominar a teoria musical e compreender a função dos instrumentos...
Em termos de letras de música, você precisa ter um mínimo de tato e não cair na falácia de que qualquer letra serve, basta a batida ser boa...
Eu acho bastante intrigante como as pessoas colocaram a IA neste lugar de fácil acesso, quando não é!
Para fazer coisas irrelevantes, misturar uma série de músicas e artistas já pré-existentes, talvez, e um enorme talvez, você consiga fazer algo assim.
Agora, para criar algo novo e original e trabalhar de maneira profissional, não se iluda, você tem um longo caminho a percorrer.
A única coisa que eu acho mais importante nessa confusão toda é:
A QUEM PERTENCERÁ O DIREITO DA OBRA?
Porque quando eu fui explorar esse tema há um tempo atrás, as plataformas que geravam letras de música e até músico tinham em suas Políticas de Uso o direito por toda obra produzida lá dentro... ou seja, você até podia fazer, mas o direito de uso é deles, o que implica que fica a cargo deles negociar ou permitir que a obra circula onde quer que seja.
ATUALIZAÇÃO: Continua assim, o direito exclusivo da obra é da plataforma e o usuário é proibido de usar a obra comercialmente, abrindo totalmente mão do direito à propriedade intelectual.
Esse é um dos motivos de eu não ter ido me aventurar nas plataformas IA geradoras de música.
E enquanto esta questão não estiver devidamente esclarecida, não irei.
Me pergunto se o Timbaland está sabendo disso!
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