Política
De acordo com a matéria do dia 30 de Maio de 2025 que saiu no Jornal O Globo, fora sugerido ao Presidente do Brasil, Luís Inácio da Silva, o Lula, que tanto o PCC (Primeiro Comando da Capital), quanto o Comado Vermelho (CV), fossem considerados grupos terroristas e aqui eu vou elucidar o porquê nem o PCC, nem o CV podem ser enquadrados na categoria de grupos terroristas.
De cara, não são grupos ideológicos e não são grupos que estão tentando tomar o poder político no Brasil. Eles são facções de crimes organizados e sua ação é compatível com violência urbana localizada em espaços abandonados pelo poder público, como subúrbios e favelas.
Na condição de crime organizado, atuam com venda e produção de drogas ilícitas, roubos e assaltos à pessoas e residências e cobrança ilegal de serviços aos moradores de áreas vulneráveis.
Suas disputas são territoriais com outras facções pela venda de drogas e domínio de determinadas favelas e ou comunidades. Eles não tentam tomar prefeituras ou congressos e nem articulam nenhum tipo de tomada de poder total, seja local, seja nacional.
De fato, suas ações tem tomado proporções cada vez maiores, mas isso é decorrente da ausência de ações coordenadas efetivas do poder policial e judiciário.
E não apenas isso: há ainda o envolvimento político e militar com esses grupos.
Ninguém vai me convencer que o camarada que cresceu no meio da favela possui competência para articular uma logística que envolve transporte internacional de drogas e armas para manter as facções ativas.
Os exemplos não faltam: helicóptero de cocaína do primo do deputado, do filho da desembargadora, no avião da FAB na Espanha...
A lista só continua.
A corrupção no Brasil é sistêmica.
Esses grupos são apenas os bodes expiatórios da elite.
Uma vez, indo para assistir uma apresentação na Zona Sul, o lugar pequeno e apertado era ornamentado com a fumaça da folha verde, se é que me entendem.
Na mesma hora eu pensei: "se um rolê desse acontecesse em um estabelecimento comercial onde eu moro, a essa altura, todo mundo já teria levado uma coronhada na cabeça".
Mas eu estava na Zona Sul. A polícia não vai dar uma batida lá e arriscar acertar na cabeça do filho de um juiz, não é mesmo?
Meu ponto é que, como apontou o filme Tropa de Elite que teve a sua mensagem manipulada e usurpada, quem financia o tráfico nunca foi a classe média-pobre: sempre foram os ricos.
Não haverá batida na festa de atores globais ou jogadores de futebol.
Mas uma Festa Junina entre familiares e amigos pode ser o último dia de um trabalhador comum.
O PERIGO DA SUGESTÃO
A sugestão, entretanto, vindo dos Estados Unidos é muito perigosa.
Querer que o Brasil classifique as facções de crimes organizados como grupos terroristas é colocar o Brasil como alvo.
E só Brasil não classificar o grupo assim pode não ser o suficiente. Se a ONU decidir que eles são grupos terroristas, isso pode se tornar uma desculpa para invadir o nosso território que sabemos é muito visado, principalmente a região Norte do país.
Nem o PCC, nem o CV representam riscos internacionais. Sua atuação é nacional. Eles não atacam líderes políticos, não atacam
Mesmo o caso Marielle Franco que repercutiu internacionalmente, não foi um crime provocado pelas Facções Criminosas, e, sim, por milicianos.
Quando o irmão da deputada federal Sâmia Bomfim foi morto por engano, a própria facção emitiu uma nota (sim, eles emitem nota), informando que a situação havia sido um equivoco e que os culpados pelo assassinato já haviam sido devidamente punidos. Tudo isso, claro, para evitar a retaliação que estaria por vir. Eles se anteciparam e mandaram com provas de que não havia necessidade de caçar os culpados.
Quando falamos que é crime organizado, é porque eles são organizados mesmo.
Dito isso, o grupo terrorista que mais assombra os brasileiros neste momento é os EUA.
A gente sabe bem o que acontece quando eles decidem intervir.
Se até o ex-prefeito da principal metrópole do mundo achou a sugestão preocupante, imagina nós.
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