O cenário político do Brasil nunca foi necessariamente uma maravilha. Sempre estivemos envolvidos em escândalos, denúncias de corrupção e com a ascensão das redes sociais, somos obrigados a acompanhar a qualidade de deputados que tem ocupado as cadeiras da Câmara dos Deputados em Brasília.
Só que parece que aqui no Brasil o pior escândalo político é sempre o próximo e não há palavras para descrever a infame PEC da Blindagem que foi votada às pressas e foi aprovada com maioria avassaladora com 314 votos, entre eles, não apenas voto do centrão e da direita, mas contou com votos também de quadros da esquerda.
E que não haja iludidos.
A PEC da Blindagem nada tem a ver com a recente condenação e Bolsonaro ou a anistia. Na verdade, eles pegaram vácuo que há de uma insatisfação de uma pequena ala da população com relação ao STF no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro e decidiram votar essa PEC logo após a mega Operação Faria Lima em SP, onde descobriu-se que o crime organizado estava nos grandes centros econômicos do país e não nas favelas - o que era bem óbvio.
A operação deflagrou que o crime organizado está articulado com grandes nomes do poder, entre eles fintechs e, como devemos ver nos próximos desdobramentos, nomes de políticos.
Sim, a PEC da Blindagem surge logo após sair a notícia da Operação Faria Lima.
NOTA: a PEC da Blindagem se estende aos Presidentes de Partidos Políticos. Guarda essa informação.
Nela, os deputados querem que os colegas deputados votem para que a justiça possa começar a investigar uma figura política. Ou seja, não é prender, indiciar, é começar a investigar, o que não faz o menor sentido, uma vez que se é avisado a investigação em curso, isso afetará diretamente a eficácia da investigação, já que haverá tempo para se livrar de provas e acionar advogados.
Essa PEC, na verdade, não passa, porque ela é inconstitucional e viola diretamente a separação dos poderes, separação essa que existe, justamente, para evitar abusos como esse.
Se achando muito espertos e criando meios de se protegerem das investigações em curso, agora que se continuará também a CPI da COVID, principalmente a direita acabou irritando até o seu eleitorado que possui um grau de tolerância altíssimo. Outros quadros de direita estão simplesmente chocados com a mera criação dessa PEC e estão precisando se posicionar firmemente contra isso, a citar o deputado Kim Kataguiri e a senadora Damaris Alves. A cobrança em cima dos nomes mais conhecidos da direita já começou forte e eles sabem que isso irá impactar diretamente na eleição que se aproxima ano que vem.
A insatisfação do eleitorado da direita não é apenas por essa PEC da Blindagem. A tentativa de anistiar golpistas, a articulação de Eduardo Bolsonaro nos EUA para punir o Brasil em caso da condenação do seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o fato de o Eduardo estar recebendo como deputado mesmo morando fora do país, a bandeira dos EUA na passeata do 7 de setembro organizado pela direita... tudo isso vem desgastando os eleitores da direita que, mesmo com seu alto grau de tolerância, vão se desgastando com o absurdo após absurdo e se antes tinham suas críticas ao STF inflados pelos quadros de direita, passarão a apoiar novamente o judiciário e a polícia investigativa tal como fizeram na Operação Lava Jato.
A repressão veio forte! Quadros deixando partidos, como o caso da Deputada Sylvie Alves que disse ter sofrido ameaças de represália pelo partido União (o mesmo partido em que Ruedas, da matéria acima, é presidente) a qual faz parte caso não votasse a favor da PEC. A fim de resgatar o eleitorado furioso, a deputada se desculpa e tenta pular fora do barco, mas a essa altura, já é tarde demais: o eleitorado está desgostoso demais.
Arrisco dizer que ano que vem muitos partidos de direita não irão alcançar a cláusula de barreira e podem simplesmente deixar de existir.
Não se deve gastar todas as fichas de uma só vez assim e a direita vem abusando da paciência de seu eleitorado... uma hora a conta chega.
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