Eu Lírico x Eu Empírico
Muitas pessoas, ao escrever, principalmente, poemas, poesias e letras de música, acham que ali devem ser gravadas as suas autobiografias.
Porém, isso é um grande equívoco!
Você pode escrever sobre a sua experiência?
Pode!
Mas você é obrigado à?
Não.
Acompanhando até outros colegas escritores que compartilhavam suas obras em redes sociais, notava-se que as pessoas não sabiam distinguir a expressão artística da vivência pessoal. Com isso, iam aos comentários postar mensagens de solidariedade...
Mas a pessoa estava bem.
Era apenas um poema.
Observando análises de letras de músicas pelas redes sociais, também é muito comum se ver que, ao invés de olhar a obra pela obra, as pessoas buscavam respostas dos significados olhando para a vida do autor e isso é um grande equívoco.
Não se olha para a vida do autor para fazer análises da obra.
A música pode dizer que está tudo bem, quando na verdade a pessoa está passando pelo pior momento de sua vida e são inúmeros os relatos de coisas similares aconteceram.
Por isso, é muito importante saber a diferença entre Eu Lírico e Eu Empírico e saber distanciá-los.
Caso contrário, você ficará muito limitado em suas produções. Sem contar que é extremamente desagradável ter sua vida sendo invadida dessa forma apenas porque você quer expressar a sua arte.
Claro que isso não te impede de usar a sua experiência para criar a sua obra. As nossas experiências vão nos dar mais sensibilidade na hora de produzir, mas elas não precisam ser necessariamente detalhadas em torno da experiência que você viveu. Sequer precisam ser reais, sequer precisam ser verossímeis, nem verdadeiras... podem ser somente a experiência do imaginar-se em tal situação.
Há, sim, artistas que usam da sua própria experiência para criar letras de música. Só nos últimos tempos nós vimos artistas como Luiza Sonza, Shakira, Miley Cyrus, Taylor Swift criando canções sobre suas próprias experiências e aproveitando até para dar algumas alfinetadas. Porém, considere que são artistas já consagradas cuja vida já é totalmente exposta e, aí, como diz a Shakira, elas não estão erradas em lucrar com as adversidades que a vida lhes impõe.
Ora, todo mundo lucra em cima da tragédia delas - noticiários, tabloides, criadores de conteúdo - e só elas que não podem?
Na minha opinião estão certíssimas em aproveitar o hype e lucrar em cima. É sobre elas mesmas.
Vamos então diferenciar o Eu Lírico do Eu Empírico para que você, meu aspirante a letrista e compositor, esteja ciente das diversas manifestações do "eu" no momento da produção da sua obra:
EU LÍRICO X EU EMPÍRICO.
Eu Lírico é a voz do poeta.
Basicamente, todos que assimilam a obra se tornam o Eu Lírico.
Pode reparar que quando você está lendo algum livro que o narrador conta "eu estava andando em uma rua escura", você se colocar neste lugar. Não é o personagem que anda na rua, é você se projetando como aquele personagem, certo?
Por isso, Eu Lírico.
O Eu Lírico é múltiplo e cada pessoa assimila a obra tendo diferentes perspectivas justamente porque cada um tem as suas próprias experiências com determinadas situações.
O que para uns pode não ser nada demais, para outros pode gerar gatilhos.
E assim, o Eu Lírico vai se fundindo nas mais variadas mentes em que ele se adentra.
O Eu Lírico não é uma pessoa... é a pessoa que, assimilando uma obra, incorpora a voz do poeta, do personagem etc.
O Eu Empírico é a sua persona real.
É você!
É você com todas as suas características, todas as suas qualidades, todos os seus defeitos, toda a sua personalidade.
Esse é o Eu Empírico.
O meu Eu Empírico sou eu, Natacha.
O seu Eu Empírico é você, (que está lendo).
EU LÍRICO X EU EMPIRICO NA PRODUÇÃO DA OBRA.
Saber a distinção entre Eu Lírico e Eu Empírico é muito importante, porque isso irá abrir todo um leque de possibilidades.
Já que a produção da sua obra não precisa ser sobre a sua própria experiência de vida ou seus sentimentos ou sua visão das coisas, você pode usar infinitas referências para criar sua letra de música, seu poema, sua escrita, sua arte de modo geral.
Então, você pode ver uma novela, se inspirar na história de dois personagens e criar uma música sobre isso.
Pode ler um livro, um poema e usar aquelas obras como inspiração.
Pode fazer uma letra de música inspirada em uma fofoca.
Uma única história de um homem que recebeu uma carta da mulher amada informando que iria se casar foi capaz de inspirar, varias canções, entre elas "Garçom" do Reginaldo Rossi e "O Grande Amor da Minha Vida" de Gian e Geovanni.
Eu mesma tenho uma música chamada "História de Amor" em que eu me inspirei em um conto popular coletado por Luiz a Câmara Cascudo na sua coletânea "Contos Tradicionais do Brasil" (adquira a obra clicando aqui) chamado "Princesa de Bambuluá" que está impregnada com referências de diversas mitologias mundo afora. "Um verdadeiro deleite", diz em nota Cascudo.
Por isso que se diz que quem quer escrever, precisa ler.
Não só para se familiarizar com os aspectos da estrutura e das formas.
Mas também para ter fonte infinita de inspiração que podem ocorrer tanto diretamente, como indiretamente, já que nosso subconsciente tem sua própria forma de assimilar o mundo.
Agora é o momento de produzir e aqui vai um desafio:
Escreva uma letra de música que não seja sobre você!
Se distancie de você mesmo e tente encarnar outra pessoa, ou seja, se colocar no lugar de um alguém, mas produzir a obra como se a experiência fosse sua.
~ É um ótimo exercício de empatia também. ~
Após o desafio, você vai ver como as possibilidades se ampliam infinitamente.
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